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Coleção de Benfeitores em Destaque
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[Rodrigo Augusto Cerqueira Veloso]

Rodrigo Augusto Cerqueira Veloso nasceu em Lavradas, Ponte da Barca, em 4 de fevereiro de 1839. Formou-se em Direito, na Universidade de Coimbra, em 1864. Viveu grande parte da sua vida em Barcelos, onde se fixou, tendo sido administrador do concelho e exercendo funções na vereação municipal. Em 1864, Rodrigo Veloso já colaborava no jornal “O Bracarense” e com folhetins no Aurora do Lima e no Barcelense.

Destacado jornalista, foi também filólogo, bibliógrafo notável e erudito escritor, sendo detentor da maior biblioteca particular do norte do país, localizada na Casa do Barão da Retorta, no Largo José Novais, onde vivia e onde recebia metade da correspondência destinada a toda a então Vila de Barcelos.

Como afirma Victor Pinho, “num tempo em que a leitura e o acesso ao livro eram privilégios só de alguns, assumiam papel de relevo as bibliotecas particulares, autênticos tesouros, recheadas de livros belamente encadernados e que eram guardados religiosamente como se de relíquias se tratassem. […] Em Barcelos, é o caso das bibliotecas do Dr. Rodrigo Veloso, advogado, notário e político progressista, e do P.e João Rosa, pároco da freguesia das Carvalhas-Barcelos”.

Em 1868, Rodrigo Veloso tomou a direção do semanário Aurora do Cávado, muito conhecido no Brasil, onde tinha inúmeros assinantes.

Sendo um intelectual de exceção, mesmo para a sua época, destacou-se também por ser benemérito da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos, nomeadamente do seu asilo, conforme se destaca no seu retrato imortalizado pelo pintor Viana.

[Miguel Pereira da Silva Fonseca]

Miguel Pereira da Silva Fonseca nasceu em Barcelos, no dia 25 de agosto de 1881, na Casa da Boavista. Era filho de Luís António da Silva Fonseca e D. Josefa Pereira da Silva, de Midões.

Formou-se em Medicina e Filosofia na Universidade de Coimbra, no ano de 1909. Nesse mesmo ano fez parte dos membros diretivos da comissão administrativa do Recolhimento e Asilo do Menino de Deus.

De 1911 a 1914 e de 1919 a 1925, foi presidente da Câmara de Barcelos, dando início à rede de esgotos e pavimentação das ruas da cidade, sendo igualmente responsável por importantes obras nos edifícios dos Paços do Concelho.

Foi ainda diretor clínico da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos até ao seu falecimento, diretor do banco de Barcelos e presidente da Associação Comercial da sua terra, onde veio a falecer. O Conde de Vilas-Boas, na rubrica “Homens-bons do Concelho” do jornal O Barcelense, a 17 de fevereiro de 1932, definiu-o assim:

Aquele que pela sua terra tanto se esforçou sem que disso tirasse o melhor proveito para a sua vida social.

Terminamos este ano a rubrica “Benfeitores em Destaque”, relembrando Miguel Pereira da Silva Fonseca e tantos outros benfeitores, que, durante décadas, prestaram e prestam serviço a esta Santa Casa, de forma abnegada e descomprometida.

[Luís Cardoso Costa Macedo]

Dos distintos cargos que Luís Cardoso Martins da Costa Macedo ocupou, destacamos o de Governador Civil do Distrito de Braga (1871-1877) e do Distrito do Porto (1878-1879), Procurador de Guimarães na Junta Geral do Distrito de Braga (de 4 de novembro de 1883 a 28 de novembro de 1885), Presidente da Câmara Municipal de Guimarães (1870, 1878, 1887-1892), provedor da Santa Casa da Misericórdia de Guimarães, provedor da Real Irmandade de Nossa Senhora da Consolação.

Casou, em 1866, com Ana Júlia Rebelo Cardoso de Meneses, Senhora da Capela de Arroios, em Vila Real. Deste casamento nasceram seis filhos: Luísa, Henrique, José, João, Luís e Alberto. De espírito conservador, militou no Partido Regenerador e foi uma figura próxima de Fontes Pereira.

Teve a honra de receber várias vezes a Família Real na sua Casa do Carmo: 1872-1908. Da opulência da sua mesa resta algumas suculentas ementas (no papel!) e algumas referências na imprensa do tempo, nomeadamente em Camilo Castelo Branco, que várias vezes fala "nas vitualhas do nobre Conde".

Em 1883, esteve empenhado na abertura da ligação ferroviária entre a localidade de Trofa a Guimarães.

Ao longo da vida, Luís Cardoso Martins da Costa Macedo foi reconhecido com vários títulos e distinções. Entre eles, foi-lhe atribuída a Comenda da Real Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa (1876), bem como as insígnias da Grã-Real Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo (1907).

Formado em Filosofia pela Universidade de Coimbra, Luís Cardoso Martins da Costa Macedo foi considerado um dos mais notáveis vimaranenses do seu tempo. Aquando da sua morte, a 30 de julho de 1919, a imprensa vimaranense referia-se ao Conde de Margaride como “um dos seus mais ilustres, generosos e beneméritos filhos”, destacando o “seu talento, suas virtudes e sobretudo a sua caridade”.

[José Joaquim de Faria Machado]

Nascido a 27 de fevereiro de 1826, em Barcelinhos, concelho de Barcelos, José Joaquim de Faria Machado foi batizado, a 5 de março desse ano, na mesma freguesia. Proprietário, capitalista, solteiro, foi residente no Recife, Pernambuco, Brasil; Comendador; benfeitor da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos.

Nobre fidalgo descendente dos senhores da Bagoeira, por parte de D. Catarina de Faria, IV neta de D. Nuno Gonçalves de Faria, alcaide do Castelo de Faria.

Pela estirpe dos Machados, aparentava-se com os antigos senhores do Homem-e-Cávado, do concelho de Amares. Viveu na sua casa do arrabalde do Senhor da Cruz, depois que a Quinta da Bagoeira passou para a família dos Farias Machados Robys, da Quinta das Hortas, em Braga.

José Joaquim de Faria Machado foi benfeitor do hospital e asilo da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos.

Falecido a 19 de novembro de 1889 – Campo Nª Sª Branca, 45, S. Vítor, Braga –, com 63 anos, encontra-se enterrado no cemitério municipal de Barcelos.
Segundo o Professor Eugénio dos Santos, a emigração revelou-se um dos comportamentos mais marcantes da sociedade portuguesa ao longo de toda a sua vivência coletiva, designadamente a partir do século XVIII. Desde os princípios do século XIX e durante mais de um século, o Brasil corporizou o sonho de Eldorado que fascinou muitas centenas de milhares de portugueses.

[José Gualberto de Sá Carneiro]

José Gualberto de Sá Carneiro nasceu no seio de uma família barcelense da freguesia de Barcelinhos, sendo filho de Joaquim Gualberto de Sá Carneiro e de Ana Rita Emília Chaves Marques.

Concluiu o curso de Direito, na Universidade de Coimbra, em 1918, com 21 anos. Anos mais tarde, a 15 de agosto de 1927, casou, no Porto, com Maria Francisca Judite Pinto da Costa Leite, filha de João Vítor Pinto da Costa Bartól, 2.º conde de Lumbrales, e de Judite Emília Martins Pinto Ferreira Leite.

Da sua prolífica carreira, destacamos os cargos como Delegado do Ministério Público em Albufeira, Condeixa e Lousada (1918-1923). A partir de 1923, José Gualberto de Sá Carneiro dedicou-se exclusivamente à advocacia e, entre 1938 e 1957, tornou-se Vogal e Presidente do Conselho Distrital do Porto da Ordem dos Advogados.

Em 1969, tornou-se Vogal da Comissão Revisora do Projeto do Código Civil e, em 1942, Vogal da Comissão Concelhia de União Nacional do Porto, Vogal da Junta Consultiva da União Nacional (1945-1949) e Comandante de lança da Legião Portuguesa.

Igualmente, na sua carreira Parlamentar não menos extensa, na 2.ª Sessão Legislativa (1946-1947), abordou o projeto de lei que enviou para a Mesa sobre o inquilinato.

Entre 1969 e 1974, José Gualberto de Sá Carneiro foi reconhecido Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos, e foi no seu mandato, corria o ano de 1970, que ocorreram renovações no hospital, sendo que a inauguração do novo pavilhão contou com a presença do então Presidente da República, Almirante Américo Tomás (1894-1987).

[José Domenech]

Filho de Francisco Domenech Gomes e Josefa Domenech, Juan Domenech – ou José Domenech, como ficou conhecido – nasceu em 1868 e, segundo dados do seu passaporte – que se encontra no Arquivo Distrital de Braga –, era natural de Dénia, província de Alicante, Espanha. Casado, naturalizado português em 28 de dezembro de 1912 e residente na então vila de Barcelos, pedira passaporte para se deslocar a Espanha para tratar dos seus negócios.

José Domenech foi um empresário e empreendedor espanhol que viveu em Barcelos, em finais do século XIX e inícios do século XX, onde viria a morrer em 1928. Foi um dos principais fundadores e sócio-gerente da fábrica a vapor J. Salort e Cª, situada junto à companhia de caminho de ferro, em 1905.
Segundo Marta Alexandra da Costa Sá, desconhece-se ao certo as razões que o levaram a instalar-se em Barcelos e a montar uma fábrica de serração, mas acredita-se que tenham passado pela localização próxima de Tuy, onde se situava a empresa-mãe. A fixação na região teve ainda em consideração a inexistência de indústrias.

José Domenech também se dedicou à produção de cal. Junto à fábrica de serração, construiu dois fornos e, como destacou o jornal “Diário do Minho” de 2 de maio de 1923, ainda esteve associado à fundação da Saboaria Barcelense, Lda, situada em Arcozelo.
José Domenech foi ainda Presidente da Direção dos Bombeiros Voluntários de Barcelos 1916-1917 e benfeitor da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos, que o imortalizou com um retrato a óleo, em sua homenagem.

[Joaquim Manuel Monteiro]

Filho dos proprietários fundiários José Bento Rodrigues Granja e de Rosa Maria Lourenço, Joaquim Manuel Monteiro nasceu na freguesia de Santa Maria do Carvoeiro, concelho de Viana do Castelo, Portugal.

Foi um grande capitalista, proprietário e negociante de grosso trato no Rio de Janeiro, onde viveu durante muitos anos. Era guarda-roupa honorário de D. Pedro V e de D. Luís I, fidalgo-cavaleiro da Casa Real, além de ter obtido outras honrarias no Brasil.

Casou-se duas vezes. A primeira vez com Eugénia Martins Bastos? (1825 - 1850), com quem teve cinco filhos. Desposou em segundas núpcias, em 30 de julho 1853 Luísa Amália da Silva Maia, filha do conselheiro José António da Silva Maia, depois senador do Império do Brasil.

Faleceu às sete horas da manhã do dia 31 de março de 1875, aos 73 anos, e seu corpo foi sepultado, no dia seguinte, no Cemitério do Catumbi.

«O senhor conde da Estrela, pelos muitos serviços prestados aos seus compatriotas residentes no Brasil, tem conquistado a estima e consideração de quantos se lhe aproximam.»

Publicado em «A Vida Fluminense - O Conde da Estrela» (http://memoria.bn.br/DocReader/586404/494). Hemeroteca Digital Brasileira. A Nação. 26 de novembro de 1872. p. 2.

Tendo como ocupação principal o comércio, Joaquim Manuel Monteiro dedicou-se a outras atividades e era também reconhecida a sua faceta de benemérito. Em linha com isso, foi mesmo Presidente da Sociedade Portuguesa de Beneficência e um dos fundadores do seu hospital no Rio de Janeiro.

Em 1872, o semanário “A Vida Fluminense” decidiu homenagear aqueles que, vivendo no Brasil, auxiliavam os portugueses. O primeiro nome a constar na denominada Galeria dos Beneméritos de Portugal no Brasil foi o de Joaquim Manuel Monteiro, como forma de assinalar “os serviços prestados pelo Sr. Conde da Estrella – serviços que não se limitaram a esmolas dadas a estabelecimentos pios, antes se estenderam à cooperação eficaz para a construção do Hospital de Beneficência da Rua de Santo Amaro, no Rio de Janeiro, e ao estabelecimento da escola de Santa Maria do Carvoeiro, em Vianna do Castello – demonstraremos que poucos homens têm, como ele, sabido merecer as remunerações honoríficas que Portugal e Brasil por vezes lhe conferiram”.

A título de curiosidade, a Lapa, em Lisboa, tem também um dos mais belos jardins de Lisboa, o Jardim Guerra Junqueiro, mais conhecido por Jardim da Estrela.

A ideia deste jardim deve-se ao Conde de Tomar e a sua concretização resultou de donativos, entre eles, a um feito pelo conde da Estrela, Joaquim Manuel Monteiro.

[João Fernandes Duarte]

João Fernandes Duarte nasceu a 24 de outubro de 1792, no arrabalde de S. Vicente, em Barcelos, e foi batizado a 1 de dezembro de 1792, na Colegiada de Barcelos, tendo por padrinhos João Pereira Cibrão e Rosa de Jesus. Viveu na rua de S. Vicente, em Barcelos. Foi benfeitor do então chamado Asilo dos Entrevados e, também por isso, existe o seu retrato a óleo na galeria de Benfeitores da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos.
João Fernandes Duarte casou com D. Rosa Joaquina da Conceição de Araújo Basto, natural de Barcelos, filha de António José da Silva Araújo Basto e de sua mulher Rosa Maria Cerqueira.
Já viúvo, faleceu a 25 de outubro de 1879, no Campo da Feira, em Barcelos, com 86 anos de idade, deixando dois filhos e tendo feito testamento. A linhagem Duarte, da Casa do Paço, em Lijó, Barcelos, está ligada à famosa Casa da Pia.
“É uma grande propriedade que engloba a sua própria capela, salões, uma grande casa, uma enorme varanda em granito e também uma torre (porém recente) em pedra, cujos antigos proprietários detinham o apelido de Duarte, nomeadamente Paulo José Duarte, e mais tarde herdada pela sua trineta Maria de Lurdes Cameira. É de realçar também que esta família é descendente da nobreza, mais propriamente de Reis de Portugal. A casa sofreu várias alterações ao longo do tempo, tendo os donos arrecadado várias relíquias para esta propriedade. Um grande exemplo destas é a fachada da capela que está datada de 1585, porém, através de testemunhos confirma-se que a mesma fachada pertencia a uma outra propriedade rica. Também a sua grandiosa entrada foi trazida de um velho convento de uma freguesia próxima. A Quinta da Pia é conhecida pelas suas várias fontes e cursos de águas, mas a fonte de água principal é uma pia, a pia que pertencia à Quinta da Madureira, ficando assim conhecida como Quinta da Pia. Esta propriedade foi muitas vezes modificada, porém nunca se afastando muito do original. Atualmente, é uma quinta onde decorrem eventos como casamentos, batizados e convívios da freguesia.”

“Domingos Barbosa Duarte, Cavaleiro da Ordem de Cristo, foi senhor da Casa do Paço, nesta freguesia, que lhe veio por Duartes, e na quinta das Torres em Castelo do Neiva (Viana do Castelo), instituiu o Morgado do Castelo do Neiva; foi casado com D. Maria Teresa Lobo da Cunha Jácome Correia, sucedendo-lhe na sua casa seu filho Domingos Barbosa da Cunha Lobo Sotomaior, Major de Milícias em Barcelos.”

FONTE: https://aqualibri.cimcavado.pt/handle/20.500.12940/1473?locale=pt

Como afirma Alexandra Esteves, a noção de desamparo parece quase adstrita ao século XIX, como resultado das transformações que nele tiveram lugar. No entanto, ela também se inscreve no Antigo Regime, agravada pela ausência de medidas de proteção social por parte do Estado. Por outro lado, esta tendência para a demarcação de diferentes etapas que marcam a vida humana é uma construção moderna.
Nas atuais instalações da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos, o espaço disponível foi aproveitado, durante a segunda metade do século XIX, concretamente entre 1889 e 1890, para a construção, no topo norte, ou seja, lado esquerdo da Igreja, do então chamado Asilo de Inválidos, que concretizou a intenção manifestada pela irmandade ao constituir o Fundo dos Entrevados, em 1818. Nos inícios do século XX, em 1909, procedeu-se à ampliação do número de enfermarias do Hospital.
Mas estas obras só foram possíveis graças a benfeitores como João Fernandes Duarte, cujos gestos de filantropia permitem que a obra da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos prevaleça pelos tempos, como ficou registado no seu retrato da nossa galeria de benfeitores:
“JOAO FERNANDES DUARTE BEMFEITOR DO ASYLO DOS ENTREVADOS NO ANO DE 1874”
A filantropia desempenha um papel crucial na sociedade, abordando vários desafios sociais, permite que indivíduos e organizações tenham um impacto positivo na sociedade, seja qual for a sua época. Ao apoiar causas como educação, saúde, alívio da pobreza, os filantropos contribuem para criar um mundo melhor e melhorar a vida dos outros.

[Genoveva Campelo]

“Genoveva” Adelaide Delfina Correia de Morais Campelo nasceu em 15 de março de 1804 na Casa de Requiães e faleceu a 4 de outubro de 1879, com 74 anos, na Casa do Tanque (hoje, Cooperativa Agrícola de Barcelos). Casou, pela primeira vez, com José Vieira Guedes, da freguesia de S. Martinho de Vila Fria, Viana do Castelo, e, pela segunda vez, com António José Ferraz de Gouveia Lobo.

D. Genoveva é um exemplo da filantropia no feminino, em que, a partir do século XIX, muitas mulheres assumem novos papéis perante a sociedade europeia, doando partes vultosas de suas riquezas para ações de caridade ou então para o financiamento e a manutenção de instituições de ensino, culturais, artísticas e religiosas.

De facto, a partir de meados do século XIX, um fenómeno novo começou a tomar corpo e a chamar a atenção de literatos, clérigos e também de escritoras. Trata-se da crescente participação das mulheres de classes médias e da aristocracia em ações caritativo-filantrópicas em diferentes países ocidentais. Ana Paula Martins explica que “a reorganização social decorrente de novas formas capitalistas de produção aceleradamente levadas a cabo pelo sistema de fábrica e a crescente urbanização e diversificação de serviços colocavam em evidência problemas que, se já existiam antes, como a pobreza extrema e as péssimas condições de vida de uma população expropriada, naquele contexto tomavam outras e maiores proporções”.

No alvorecer deste século, as mulheres das classes mais privilegiadas tinham argumentos não só de ordem moral, mas também religiosos para se envolver com a questão social e seus tremendos problemas. A filantropia e a caridade eram termos intercambiáveis nos seus significados, embora as mulheres, motivadas pela religião, especialmente a religião católica, utilizassem a palavra caridade para definir as suas intenções e ações.

E, como afirma Marta Lobo Araújo, foi através dos legados que as Santas Casas rechearam o seu programa distributivo de esmolas, não precisando recorrer a receitas próprias. As Misericórdias procediam de duas formas distintas para assistir os doentes: ou os internavam nos seus hospitais ou os auxiliavam em suas casas. A gestão dos hospitais e o tratamento aos doentes constituiu uma das preocupações crescentes destas instituições.
Uma curiosidade sobre esta benfeitora, Genoveva Campelo, é o facto de o seu primeiro nome não ser Genoveva, mas sim Adelaide. Genoveva era conhecida pela sua grande generosidade, facto que ainda hoje é recordado pela sua família, pela lembrança que ficou das suas deslocações por Barcelos, em que distribuía esmolas pelos pobres que ia encontrando pelo seu caminho. “Genoveva” ou “Veva” ficou eternizada pela sua bondade, que hoje lembramos na nossa rubrica “Benfeitor em Destaque”.

[Domingos José de Sousa]

Domingos José de Sousa nasceu na freguesia de Areias S. Vicente, em Barcelos, e faleceu a 22 de julho de 1914. Foi um sacerdote de elevado prestígio da arquidiocese bracarense, que mandou edificar a antiga igreja paroquial da sua freguesia, em 1898.

Em 1901, foi agraciado com o título de conselheiro, no ano seguinte, em 1902, o Papa elevou-o ao cargo de Monsenhor[1] Protonotário Apostólico, tendo mesmo sido escolhido para Bispo de Évora, cargo que não ocupou devido à sua frágil saúde.

No ano de 1903, dotou a sua freguesia – Areias S. Vicente – com um ramal de estrada que liga a estrada nacional Barcelos-Prado-Braga e mandou construir nove casas para os mais desfavorecidos da sua terra. Em 1909, ocupa o cargo de Presidente da Câmara de Barcelos.

Além de importantes donativos para a Santa Casa da Misericórdia de Barcelos – com destaque para o então Asylo de Inválidos (hoje, Lar da Misericórdia) –, beneficiou também o recolhimento do Menino de Deus, os Bombeiros Voluntários de Barcelos, o Círculo Católico de Operários e a Associação Humanitária de Socorros Mútuos da mesma localidade.

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