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[Armando Pereira do Vale Miranda]

Armando Pereira do Vale Miranda nasceu, a 12 de julho de 1929, na freguesia de Midões, na pitoresca quinta de Chapre, onde também vivera o seu tio-avô, o reconhecido etnógrafo António Gomes Pereira. Aqui passou a sua infância e juventude até partir para a movimentada cidade de Coimbra, onde veio a licenciar-se em Direito, tornando-se também orfeonista, convivendo com ilustres vozes do Fado de Coimbra como: Luís Góis, António Toscano, Fernando Machado Soares, Garção Soares, Fernando Rolim e tantos outros…

De regresso a Barcelos, inicia a carreira de advogado em 1957, no entanto, a par desta função uma outra se seguiria, que marcaria para sempre a sua vida: ser provedor da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos. Exerceu as funções de provedor entre 4 de janeiro de 1960 e 2 de agosto de 1969, praticamente uma década!

Durante todo o período em que esteve neste cargo, o então chamado Asilo de Inválidos (hoje, Lar da Misericórdia) e o Hospital ainda se situavam nas instalações antigas. Foi neste mesmo período que a ideia de um novo hospital se viria a concretizar, tornando-se no seu maior desafio como provedor e, igualmente, como ser humano, como o próprio afirmou nos seus escritos, onde registava os momentos marcantes da sua carreira e da sua vida e que, carinhosamente, distribuía por familiares e amigos.
Num dos muitos episódios que recordou com carinho, teve uma visita surpresa do então ministro da saúde, Dr. Henrique Martins de Carvalho, que, ficando agradado com as condições hospitalares, prontamente se dispôs a perguntar o que era necessário em termos de equipamento. A este repto, Armando Vale Miranda não hesitou em pedir uma incubadora e, nesse mesmo dia, foi despachada a sua aquisição.

Finda a década de 60 do século XX, decide pôr termo ao seu mandato como provedor, pois a sua filha mais nova estava a caminho e, já com três filhos, seria momento de dedicar mais horas à família. Mesmo assim, foi Presidente da Assembleia-Geral (1979-1981) e Membro do Definitório (1982-1987), marcando ainda a cidade de Barcelos como vereador da Câmara Municipal de Barcelos, entre 1960 e 1963, Presidente do Lions Clube de Barcelos (1982/1983), pertenceu também à direção da Casa do Menino de Deus, entre 1991 e 2012, instituição que também ampara e protege crianças e jovens, em situação de vulnerabilidade.

Longos e prolíficos estes dez anos que marcaram a sua vida e a de tantos quantos conviveram com ele, deixando uma marca pessoal de afetuosidade, dedicação e empenho, mas também institucional, pela forma como liderou a construção do novo hospital, proporcionando uma melhoria nos cuidados de saúde dos habitantes da cidade de Barcelos.

Homem de afetos e amizades sólidas, todos os anos passava o dia 23 de dezembro no hospital, onde era importante ter contacto com o próximo, não como provedor, mas como ser humano que era e que se importava com o bem-estar do outro.

O seu retrato, em óleo sobre tela, encontra-se hoje na Sala da Mesa do Núcleo Museológico da SCMB, com um sorriso tímido, mas sincero, de quem marcou para sempre esta Casa, num período decisivo, com um olhar sereno como quem diz que se preocupa e que a sua ausência física será apenas um breve pormenor, como quando nos despedimos de alguém com um “até breve”.

[Genoveva Campelo]

“Genoveva” Adelaide Delfina Correia de Morais Campelo nasceu em 15 de março de 1804 na Casa de Requiães e faleceu a 4 de outubro de 1879, com 74 anos, na Casa do Tanque (hoje, Cooperativa Agrícola de Barcelos). Casou, pela primeira vez, com José Vieira Guedes, da freguesia de S. Martinho de Vila Fria, Viana do Castelo, e, pela segunda vez, com António José Ferraz de Gouveia Lobo.

D. Genoveva é um exemplo da filantropia no feminino, em que, a partir do século XIX, muitas mulheres assumem novos papéis perante a sociedade europeia, doando partes vultosas de suas riquezas para ações de caridade ou então para o financiamento e a manutenção de instituições de ensino, culturais, artísticas e religiosas.

De facto, a partir de meados do século XIX, um fenómeno novo começou a tomar corpo e a chamar a atenção de literatos, clérigos e também de escritoras. Trata-se da crescente participação das mulheres de classes médias e da aristocracia em ações caritativo-filantrópicas em diferentes países ocidentais. Ana Paula Martins explica que “a reorganização social decorrente de novas formas capitalistas de produção aceleradamente levadas a cabo pelo sistema de fábrica e a crescente urbanização e diversificação de serviços colocavam em evidência problemas que, se já existiam antes, como a pobreza extrema e as péssimas condições de vida de uma população expropriada, naquele contexto tomavam outras e maiores proporções”.

No alvorecer deste século, as mulheres das classes mais privilegiadas tinham argumentos não só de ordem moral, mas também religiosos para se envolver com a questão social e seus tremendos problemas. A filantropia e a caridade eram termos intercambiáveis nos seus significados, embora as mulheres, motivadas pela religião, especialmente a religião católica, utilizassem a palavra caridade para definir as suas intenções e ações.

E, como afirma Marta Lobo Araújo, foi através dos legados que as Santas Casas rechearam o seu programa distributivo de esmolas, não precisando recorrer a receitas próprias. As Misericórdias procediam de duas formas distintas para assistir os doentes: ou os internavam nos seus hospitais ou os auxiliavam em suas casas. A gestão dos hospitais e o tratamento aos doentes constituiu uma das preocupações crescentes destas instituições.
Uma curiosidade sobre esta benfeitora, Genoveva Campelo, é o facto de o seu primeiro nome não ser Genoveva, mas sim Adelaide. Genoveva era conhecida pela sua grande generosidade, facto que ainda hoje é recordado pela sua família, pela lembrança que ficou das suas deslocações por Barcelos, em que distribuía esmolas pelos pobres que ia encontrando pelo seu caminho. “Genoveva” ou “Veva” ficou eternizada pela sua bondade, que hoje lembramos na nossa rubrica “Benfeitor em Destaque”.

[D. Maria II]

Apelidada de "a Educadora" e "a Boa Mãe", D. Maria II foi Rainha de Portugal e dos Algarves em duas ocasiões diferentes: primeiro, de 1826 a 1828, quando foi deposta por seu tio Miguel; depois, de 1834 até à sua morte, em 1853.

Era a filha mais velha do imperador Pedro I do Brasil e da sua primeira esposa, a Imperatriz Consorte do Brasil e Rainha Consorte de Portugal e dos Algarves, a Arquiduquesa Maria Leopoldina da Áustria.

Tornou-se Rainha de Portugal e dos Algarves como Maria II, então, com apenas sete anos de idade, deixando o Rio de Janeiro a 5 de julho de 1828. Com dispensa papal, por procuração, em 29 de outubro de 1826 casou com o seu tio, o infante D. Miguel de Bragança (1802-66). Porém, esse casamento foi dissolvido ou declarado nulo em 1 de dezembro de 1834. Nesse mesmo dia, voltou a casar, em Munique, na Alemanha, por procuração, com o príncipe Augusto de Beauharnais. Em 1836, casou com o príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Koháry.

No início do seu reinado enfrentou uma grave crise financeira, resultante da Guerra Civil e das invasões francesas. Enfrentou também uma série de movimentos de revolução e contrarrevolução (a Revolução de Setembro, a Revolta dos Marechais, etc.) e, em 1838, aprovou a terceira Constituição portuguesa. Em 1846, foi confrontada com a revolta da Maria da Fonte e uma nova guerra civil - a Patuleia. O seu reinado ficou marcado pela passagem do absolutismo ao constitucionalismo.

D. Maria II engravidou 12 vezes e teve 11 partos, tudo isto em 16 anos, a uma média de filho por cada 17 meses. Desde a sua primeira gravidez, aos 18 anos de idade, Maria II enfrentou graves problemas de saúde. Os médicos aconselhavam-na a parar, mas a rainha respondia: “Se morrer, morro no meu posto”. E foi no seu posto que morreu, aos 34 anos de idade.

Apesar das suas vicissitudes pessoais e do ambiente político conturbado em que viveu, D. Maria II não deixou de ter em atenção instituições como as misericórdias, fundamentais para o bem comum e o apoio aos mais desfavorecidos.

Deste modo, ficou imortalizada numa pintura a óleo sobre tela, em destaque no Salão Nobre do Núcleo Museológico da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos, num retrato onde a rainha é representada a meio corpo sobre um fundo escuro, em ligeiro perfil, mas com o olhar direcionado para a frente. Tem o cabelo negro apanhado ao nível da nuca e traja vestido de gala em cetim em tons de rosa. Ostenta banda e comenda das três ordens militares portuguesas com o brasão das misericórdias aplicado no topo, ao centro.

[D. Manuel I]

Filho mais novo do infante D. Fernando (sobrinho predileto do infante D. Henrique e seu herdeiro) e da infanta D. Beatriz D. de Portugal, neta de D. João I.

Ascendeu ao trono pela morte do seu cunhado e primo, o rei D. João II, cujo herdeiro falecera num fatídico acidente de cavalo. É conhecido pelo cognome de "o Venturoso”, não apenas pela sua inesperada ascensão ao trono, para a qual muito deve ter colaborado a sua irmã, a viúva rainha D. Leonor, pela conhecida epopeia dos Descobrimentos que conheceu uma era de grande riqueza económica e intelectual.

Até nos casamentos foi prolífico, casando três vezes, primeiro, em 1497, com D. Isabel, filha dos Reis Católicos e viúva do príncipe D. Afonso, filho de D. João II. Com a morte de D. Isabel, de parto, casou pela segunda vez, em 1500, com a infanta D. Maria de Castela, irmã de D. Isabel. Deste casamento nasceram vários filhos, entre eles D. João, o futuro rei, e D. Beatriz, duquesa de Sabóia. Viúvo novamente, casou, em 1518, com a infanta D. Leonor, irmã de Carlos V.

Conforme afirma o Professor João Paulo Oliveira e Costa, D. Manuel I foi também um reformista, pois conseguiu ter, em simultâneo, exércitos em quatro continentes: África, Ásia, Europa e também América: “É um rei muito poderoso, não pelas terras que domina, mas pelas rotas marítimas que controla”.

D. Manuel I é, para já, o senhor do açúcar. Porque ele era senhor da ilha da Madeira e o açúcar madeirense, quando D. Manuel I é rei, vale 5% da receita da Coroa.

É o maior reformador, desde D. Dinis, e não haverá outro reformador antes de D. José e do Marquês de Pombal. A primeira coisa que nos apercebemos é que enquanto Duque de Beja, entre 1490 e 1495, já se mostra um homem com iniciativa de reformar as cidades e as vilas que lhe pertenciam e a própria Ordem que dirigia, a Ordem de Cristo. A prova é que sobe ao trono em outubro de 1495 e, dois ou três meses depois, já tinha criado a Comissão para a Reforma dos Forais – uma comissão que viria a trabalhar durante 25 anos.

D. Manuel I foi também o grande mentor da fundação das misericórdias, em Portugal. Na continuidade da sua reforma administrativa, mas igualmente com forte carga religiosa e caritativa.

[Luís Cardoso Costa Macedo]

Dos distintos cargos que Luís Cardoso Martins da Costa Macedo ocupou, destacamos o de Governador Civil do Distrito de Braga (1871-1877) e do Distrito do Porto (1878-1879), Procurador de Guimarães na Junta Geral do Distrito de Braga (de 4 de novembro de 1883 a 28 de novembro de 1885), Presidente da Câmara Municipal de Guimarães (1870, 1878, 1887-1892), provedor da Santa Casa da Misericórdia de Guimarães, provedor da Real Irmandade de Nossa Senhora da Consolação.

Casou, em 1866, com Ana Júlia Rebelo Cardoso de Meneses, Senhora da Capela de Arroios, em Vila Real. Deste casamento nasceram seis filhos: Luísa, Henrique, José, João, Luís e Alberto. De espírito conservador, militou no Partido Regenerador e foi uma figura próxima de Fontes Pereira.

Teve a honra de receber várias vezes a Família Real na sua Casa do Carmo: 1872-1908. Da opulência da sua mesa resta algumas suculentas ementas (no papel!) e algumas referências na imprensa do tempo, nomeadamente em Camilo Castelo Branco, que várias vezes fala "nas vitualhas do nobre Conde".

Em 1883, esteve empenhado na abertura da ligação ferroviária entre a localidade de Trofa a Guimarães.

Ao longo da vida, Luís Cardoso Martins da Costa Macedo foi reconhecido com vários títulos e distinções. Entre eles, foi-lhe atribuída a Comenda da Real Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa (1876), bem como as insígnias da Grã-Real Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo (1907).

Formado em Filosofia pela Universidade de Coimbra, Luís Cardoso Martins da Costa Macedo foi considerado um dos mais notáveis vimaranenses do seu tempo. Aquando da sua morte, a 30 de julho de 1919, a imprensa vimaranense referia-se ao Conde de Margaride como “um dos seus mais ilustres, generosos e beneméritos filhos”, destacando o “seu talento, suas virtudes e sobretudo a sua caridade”.

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